Meritocracia e os concursos
Meritocracia é, grosso modo, o poder de quem merece mais, de quem tem mais mérito. Para muitos, ela existe e rege o mundo. Para muitos outros, ela não existe e serve para ampliar as distorções sociais capitalistas.
Passando longe do debate econômico e político, no mundo que nos interessa aqui nesta newsletter, os concursos são 100% meritocracia. Sim. Os que buscam mais, os que se esforçam mais, são os que conseguem suas vagas. Ao menos na maioria dos concursos que são sérios. Pois no Brasil os concursos públicos são uma instituição que premia os que merecem mais.
Mas Gustavo, como assim existe meritocracia se as pessoas são diferentes? Se fulano pode estudar 8 horas por dia enquanto outros não conseguem estudar 8 horas na semana? Ora, o mundo não é justo e as pessoas são diferentes desde que nasceram. Diferentes não só fisicamente mas também socialmente.
Independente disso, se você não se esforçar e não merecer, não irá chegar em lugar nenhum.
Recentemente tivemos as olimpíadas de Paris. Vimos o quanto a meritocracia importa nos esportes e o quanto os atletas transformam dificuldades em vantagens.
Nos concursos há diversos exemplos assim e eu conheço vários de perto. Desde pessoas com condições financeiras que não permitiam nem pegar ônibus para se deslocar até pessoas com deficiências físicas severas. E que foram aprovadas em concursos. Como dizer que não houve méritos? Ou que não houve mérito em uma pessoa que simplesmente dedicou 4 horas diárias para se dedicar aos estudos por anos?
Precisamos reconhecer o mérito das pessoas. Só assim para nós fazermos a nossa parte. Enquanto colocarmos todo o problema na prova que é difícil, não vamos conquistar nada além de lamentações. Pois a verdade é uma só: não há vagas para todos.
Além do mais, os concursos partem de algum ponto que iguala todos. Pois é preciso ter feito biblioteconomia. Você não está disputando com alienígenas, está disputando com outros bibliotecários. Como temos poucas faculdades de biblioteconomia, na maioria dos estados temos apenas 1 curso, são grandes as chances do seu concorrente ter estudado na mesma faculdade que você. Já equilibra um pouco, não? Quando eu fiz o concurso para a UFPE, de 21 aprovados apenas 4 tinham se formado em outra faculdade que não na própria UFPE.
Outra coisa que na biblioteconomia também iguala a todos é que a fonte de informação é basicamente a mesma. O Lancaster que um estuda é o mesmo que o outro estuda. Pois para a grande maioria dos assuntos a base é a mesma: ABNT, CDU, CDD, aacr2, etc.
Existem outros pontos que, sim, colocam muitos em condições de igualdade. E inúmeros outros que diferenciam.
O que importa é o que você faz com isso?
Cada pessoa tem seu mérito. Ao menos nos concursos.
Força nos estudos!
abraço do Gustavo