Você sabia que ler um texto impresso e ler o mesmo texto em um formato digital são coisas diferentes? Pois é, eu também não sabia. Mas são. Nosso cérebro interpreta cada uma de modo diferente.
Comecei a perceber isso com alguns mentorados e alunos que me relatavam dificuldade em fazer provas. Quando investiguei mais a fundo, percebi que o problema de vários deles está no fato de que estudam e fazem simulados apenas ano celular/tablet/pc enquanto que a prova é no papel. E o cérebro não consegue render da mesma forma.
A leitura digital e a leitura de impressos são práticas que, embora compartilhem o mesmo objetivo de promover a aquisição de conhecimento e a compreensão de textos, têm implicações distintas para o cérebro humano. Maryanne Wolf, uma das principais especialistas em leitura, destaca as nuances dessa comparação, enfatizando como cada forma de leitura afeta nossa cognição e processos de aprendizado.
Basicamente, a leitura em inpressos permite que o leitor se envolva de maneira mais profunda com o texto. Este formato tradicional promove uma experiência sensorial rica: o toque do papel, o cheiro da tinta e a disposição visual das palavras em uma página. Essas características ajudam na formação de memórias mais duradouras e na compreensão aprofundada, pois o leitor tende a fazer anotações e voltar a páginas anteriores com mais facilidade. Wolf argumenta que essa interação física com o texto ativa áreas do cérebro relacionadas à memória e à empatia, facilitando conexões mais complexas e críticas.
Por outro lado, a leitura digital oferece conveniência e acesso a uma vasta quantidade de informações em um espaço reduzido. No entanto, essa forma de leitura muitas vezes resulta em uma abordagem mais superficial. A facilidade de navegação e a possibilidade de distrações, como notificações de redes sociais, podem prejudicar a concentração e a reflexão profunda. Wolf alerta que, ao ler digitalmente, há uma tendência a escanear informações em vez de absorvê-las completamente, o que pode comprometer a capacidade de análise crítica e a retenção de conhecimento.
Ou seja, enquanto a leitura de impressos favorece um engajamento cognitivo mais rico, a leitura digital, embora prática, pode encurtar a profundidade da compreensão. A escolha entre os dois formatos não é meramente uma questão de preferência, mas de considerar como cada um deles molda nossas habilidades cognitivas e nossa relação com a informação.
Isso vale para muita coisa. Joguei este ano meu primeiro campeonato de xadrez. Como só pratiquei no celular, na hora do jogo ao vivo, em tabuleiro físico, a interpretação do meu cérebro foi diferente.
Assim também é nas provas de concursos.
Nunca perca de vista que a prova é impressa. Por isso, você precisa praticar muito mais a leitura de impressos.
Força nos estudos!
Abraço do
Gustavo